domingo, 27 de maio de 2012

AMIZADE 2 (Homenagem póstuma ao amigo TUCA)

 
As coisas que procuro têm cor,
não têm nome, não têm medo!
A minha procura fala de amor,
não tem espaço para segredo.

Perguntam-me o que eu quero,
se a vida ou se desejo a morte!
Trocam sempre o um pelo zero,
com coisas duras, sem norte!

Queiram-me assim, assim apenas!
Tirando todo e qualquer defeito,
desnudo a minha alma pequena,
mostrando amor dentro do peito!

Botucatu, 08/08/1988
Publicado no Recanto das Letras em 27/10/2013

P.S.: Ironia, Tuca foi socorrer um acidente e no trajeto sofreu acidente! Não resistiu! Este poema foi deixado por ele. As duas últimas estrofes são minhas! Saudade!

Policial rodoviário, vigilante da estrada!
Cuidava pra que não acontecesse nada!
Procurava sempre harmonia e segurança! 
Confiança em Deus era a sua esperança!

Este poema é fotografia do amigo Tuca
Que minha frágil e lente traz em memória,
coloca em frente à minha mente e cutuca
para eu não nunca esquecer sua história!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

LAURA

Laura! Laura!
Aurora da vida!
Uma bem-vinda aura!
Reluz como ouro!
Amor, meu tesouro!


Fazer fotos é um "hobby" que somente quem gosta entende. Por mais que você aprenda e aprenda e aprenda (o que é sempre bom e gratificante), você sempre ficará refém de milésimos de segundos, de pequenos e imperceptíveis raios de luz e uma combinação única de cores.

Então, quando isso tudo se combina, você consegue uma foto quase que perto da perfeição. Agora quando essa foto retrata o seu maior tesouro, não há felicidade, orgulho e amor que caiba no peito. Por isso eu compartilho com todos essa pequena foto quase que perfeita de um tesouro perfeito.

Jimmy Adans Costa Palandi e Jalusa De Léo Palandi

Foz do Iguaçu e São José dos Campos, 15/05/2012
Publicado no Recanto das Letras em 08/08/2013

quarta-feira, 2 de maio de 2012

60


                       

  Casquila, cidade esquecida no interior do estado. Sua única riqueza - é a natureza. Pra dizer a verdade, fica entre vales, montanhas, belas serras, cascatas, matas - é o único cartão de visita.
   Parece estar em uma concha ou dentro de um prato fundo. Se tem cidade que se prima pelos nudistas - Casquila se prima pela alta quantidade e qualidade de cornudos.
   O seu prefeito, a figura mais boçal e grotesca do mundo - parece gostar do contato direto com a natureza, contato direto com a terra, com a terra de sua terra natal. Talvez por este motivo é que ainda não colocou massa preta (asfarto, é o que alguns dizem) nas ruas.
   Perto da cidade, mora José, um velho de quase 60 anos, que acumulou certa experiência e fortuna nos seus anos vividos (bem ou mal?).
   O prefeito, compadre de José conseguiu trazer eletricidade até a cidade. Ainda bem, pois senão as "penas" de Casquila só teriam que trabalhar de dia - mas são todos boêmios, logo...
   - Puxa, com, até que enfim temos força na cidade, hem?
   - Nem diga! Nem diga! Insistiu José.
   Bem vindo os 60 hertz de uma companhia elétrica particular que nem nome tem. É claro, é bem deficiente, pois a luz à noite, mais parece um caqui maduro.
   José levanta todo dia bem cedo, caminha até ao pomar (não de caqui elétrico, mas o clássico pomar) bem lento. Olha com orgulho pro laranjal, pois foi há dois tempos que plantou e já estão as árvores todas encopadas. Depois caminha até a ponte do Rio Verde (água suja é verde ou marrom?) e cospe seco, pois nem saliva tem mais, sonhando com a viagem, pelo rio, da pouca saliva até ao mar.
   Outra mania de José depois do almoço é fazer a digestão percorrendo as ruas de Casquila. Casquila tem apenas 60 ruas.
   Todo dia a mesma coisa, as mesmas pessoas, o mesmo diálogo:

   - Bom dia seu José
   - Bom dia.
     Ainda bem que hoje quebrou a rotina.
   - Bom dia seu Zé...José--Tsh!
   - Bom dia!
   - Vai, depois do é boa tarde, não é?
   - Feliz anos!
   - Obrigado.
   - Muita data se repita...-Disse Dona Maria do outro da rua!
   - Obrigado Dona Maria, como vai se Antonho?
   - Mal, muito mal. Talvez não passe dessa!
   - José falou com seus botões - Que morra mesmo! Cornudo. Antonio cornudo e ladrão, roubou de mim 60 contos.
   Também José admitia que seu Antonho era bem esperto e pensou:    - Ah, que Deus o ponhe em bom lugar, afinal foi há tanto tempo. 
   José estava alegre, afinal fazia 60 anos e esperava fazer outros tantos.
   Deu uma baforada no cigarro de palha e seguiu.
   Cerquila ficava a 60 km da capital e estava atrasada, acho que uns... talvez 60 anos. Foi quando José nasceu! Paixão dos jovens no presente momento, era o fuca!

Torrinha, 1970
Publicado no Recanto das Letras em 01/09/2013

QUE MÚSCULO!



 
   Elyza tinha tanta " espinha" no rosto, que se fosse contar, tornar-se-ia um gesto tão cansativo como contar estrelas.
   Para contar estrelas, apareceria verruga na ponta do dedo! Verruga ao apontar para uma estrela, ao contá-las?
   Elyza era uma das primeiras alunas em sua escola. Problemas de Matemática, etc, para ela tinham fácil solução (será?), mas...
   - Mãe, eu não sei mais o que faço com meu rosto! Já passei aquele creme francês, não adiantou nada e...
   Filha querida, vamos fazer o que a Anália falou, pra ver se adianta...
    Ceifunda, mãe da Elyza, costureira, tinha outra filha - Rhagyna - que não gostava muito. Seu doce predileto era a Elyza. E como colocava açúcar no seu " docinho" - Elyza era a "Embaixatriz das Usinas Refinadas e Fétidas" de toda cana-de-açúcar de Cuba. Enfim, era um treco muito doce...(Um uqui doce, como diria Xitão, que invertia tudo)... 
   E de fato, fez mesmo a receita da Anália! Anália era sem definição, e, seu diagnósticos e receitas eram aceitas pela burguesia hipócrita...
   E de fato fez mesmo! E como deve ser dolorido! Tirar sangue da veia para colocar no músculo!
   E que músculo!
   Hoje um ml de sangue, amanhã dois e assim por diante até dez...
   Tirava da veia e colocava no músculo! E que músculo! Deve ser uma bela... Ah, que derrière! Ela e sua mãe Ceifunda eram bonitas de faces e belas de costas...
   Quem fazia esta delicada aplicação, sabia de seu resultado, às vezes negativo! Ah, que farmacêutico  Era naquela época   o profissional mais invejado de Torrinha! Que seringa! Que agulha!
    Ah! seu eu fosse farmacêutico! Ah! eu queria ser aquela agulha,
eu queria penetrar naqueles dois montes todo dia!
   Que belo músculo!
   Agora, Elyza está às voltas com novo método!
   Será que dará resultado, mãezinha???
   Faz vacina da própria espinha, isto é, do pus! Não é mais na farmácia! É numa clínica!
    Será que está colocando no músculo? Que músculo!
    Ela abandonou a farmácia e frequenta agora a clínica!
    O farmacêutico,  atualmente, está com depressão internado num sanatório...Está sem inspiração nenhuma....

Torrinha, 1965
Publicado no Recanto das Letras em 01/09/2013