sábado, 2 de agosto de 2014

DISCURSO FORMATURA ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA EM 1982 e HISTÓRIA DA CIDADE PLANEJADA DE ILHA SOLTEIRA EM TAUTOCRÓSTICO




SENHOR DIRETOR, SENHORES MEMBROS DA CONGREGAÇÃO, PATRONO, PARANINFOS, DEMAIS AUTORIDADES, SENHORAS E SENHORES, CAROS COLEGAS


     Diante da iminência do fim deste núcleo urbano, por volta de 1977, quando sua razão de ser, ou seja, a Hidroelétrica de Ilha Solteira, já estava em fase de acabamento, vimos com grata surpresa, no rol de medidas ventiladas para garantir sua sobrevivência, a criação de uma Universidade em nossa cidade. Fruto do idealismo de algumas pessoas bem intencionada, a nossa UNESP fez com que nascesse em todos os cidadãos uma expectativa muito grande, com relação a possibilidade de florescer aqui um verdadeiro polo cultural, já que situávamos até então naquilo que se poderia chamar de deserto cultural.
      Gradativamente verificou-se uma maior interação da população, até então desacostumada aos burburinhos de uma comunidade acadêmica, e que sem dúvida nenhuma dinamizava certos setores da cidade, contribuindo sobremaneira para a consecução dos objetivos inicialmente propostos.
     Mas, nesse difícil processo de nascimento e sobrevivência da UNESP, torna-se inevitável ressaltar que, paulatinamente, nessa Universidade foi sofrendo certas alterações que, em princípio, contrastavam com seus ideais originários, e por que não dizer, com a expectativa otimista de que eram possuídos os seus universitários.
     Não queremos nos fazer de vítimas isoladas deste histórico processo de marginalização da Educação no país, poi os problemas por nós vividos ao longo desses sacrificados anos, infelizmente são comuns a toda coletividade universitária do país, não só da rede pública como também da rede particular. É fato sabido por todos que a destinação orçamentária para o setor de Educação no Brasil não atinge 5% de seu valor global, do PIB, taxa esta inadmissível e até absurda para um país que nutre hoje uma incrível dependência tecnológica do exterior.
    A título de informação, convém salientar que os países desenvolvidos, e que chegaram a esta condição por força de uma melhor definição de prioridades, destinam de +ou- 8% do valor de seus orçamentos, do PIB, à Educação.
        Hoje, o Brasil está entre os 42 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a frente de Reino Unido, Canadá e Alemanha, por exemplo.
       Na semana passada, a organização lançou um relatório sobre os gastos em educação de várias nações. Investir um décimo de toda a riqueza produzida no país deixaria o Brasil em primeiro lugar no ranking, acima da Islândia, que investe assombrosos 7,8% do PIB em educação hoje.
      Esse número considera, além dos investimentos nas instituições de ensino, gastos governamentais com bolsas e programas de apoio aos alunos.
    Apesar do investimento brasileiro ser próximo da média dos países da OCDE, o país se encontra somente em 53º lugar - de um total de 65 - no Pisa, um programa de avaliação da qualidade da educação da mesma organização. Ou seja, maiores investimentos não necessariamente acompanham, na mesma proporção, uma melhora no desempenho dos estudantes.
     O Brasil é o 15º que mais investe o PIB na área na lista da OCDE. Os lanternas no ranking foram Indonésia (investimento de 3% do PIB), Índia (investimento de 3,5%), Japão (3,8%), Eslováquia (4,1%) e República Tcheca (4,4%).
      Basta aqui citar o exemplo do Japão,  que mesmo arrasado no pós-guerra e hoje situado entre as grandes potências econômicas do mundo.
     8,4% é o quanto do Produto Interno Bruto (PIB) de Israel é empenhado em investimentos em educação naquele país.
       E então, perguntariam os senhores presentes, onde situar-se-ia para vocês formandos, o inebriante prazer que uma solenidade de colação de grau deve proporcionar a um ser humano, às vezes egresso de lares e regiões com escassos recursos financeiros?
     Devo justificar e frisar bem a todos: tenho certeza de que a inquietação, a preocupação, a insegurança e a dúvida são os sentimentos emanados de todo. Por quê isso tudo?
         Em primeiro lugar porque temos plena consciência e auto-crítica para avaliar as condições onde se desenvolveu nossa aprendizagem, e que, com todos os seus vícios, continuará a contemplar as demais turmas que nos seguirão, a menos que haja, de nossa parte um engajamento maior e uma efetiva participação política, instrumentos capazes de atenuar determinadas falhas no ensino. E o que precisaríamos alterar?
           Primeiramente, deverá se livrar a universidade de ingerências políticas externas ao seu ambiente, fator que, sabidamente, nos desfalcou de inúmeros professores de excelente qualificação, oriundos da USP e da Faculdade de Engenharia de Lins,e capacitação técnica, em prejuízo de todos os universitários e até da própria qualidade de ensino. O que sentimos hoje não é apenas a dedicação desinteressada de alguns de nossos mestres, que deveriam, acima de tudo, advogar certas causas dos estudantes. 
            Verifica-se sim, a universidade transformada numa espécie de trampolim sem cuja transposição não se pode efetivamente ampliar os salários.
            Em que pese a causa estrutural disso tudo, penso que o universitário não é a causa geradora das incoerências do sistema, e que portanto não deve ser colocado como o judas dessa estória.
             O que reivindicamos não é uma pura e simples participação do professor, concedendo aprovações gratuitas, mas uma participação mais criteriosa, levando-se em conta certos valores pessoais de seus alunos, conhecendo melhor o ser humano que existe em cada um e bem como suas reais potencialidades.
          Em segundo plano, deveremos lutar pela ampliação das instalações universitárias, como biblioteca, capaz de atender a todos, laboratórios bem equipados e operantes, salas de estudo individualizadas e sem improvisações, inclusive para os professores.
                  Outra aspiração, histórica até, é o reconhecimento por parte da sociedade de um modo geral, da figura do estudante, com todas as peculiaridades deste segmento da população, que não é raro, é ostensivamente atacado e às vezes até marginalizado, em virtude da própria transitoriedade de sua condição.
             Queremos deixar bem claro a todos que, se até ontem, perante a sociedade de Ilha Solteira, éramos na maioria, ilustres desconhecidos, amanhã poderemos estar aqui mesmo integrados às forças produtivas do país.
              Daí a necessidade de uma sociedade mais justa e menos refratária, para que tenhamos mais pontos de apoio. Mas, seria injusto de nossa parte, não lembrar que, de certa forma, fomos apoiados em algumas necessidades básicas, principalmente no que concerne a oportunidade de estágios, palestras e outras promoções com o intuito de aprimorar nossos conhecimentos técnicos, a nós concedidos pelas empresas CESP, C.R. ALMEIDA, DEER e ANDRADE GUTIERREZ, a quem penhoradamente agradecemos.
            Quanto à inquietação citada anteriormente, refere-se à crise que assola desde tempos atrás o mercado de trabalho do engenheiro. A incontrolada proliferação dos cursos de Engenharia, somada a retração do crescimento industrial, restringe cada vez mais as oportunidades de emprego para o recém- formado, em virtude dos desequilíbrios entre oferta e demanda desses profissionais.
             Ademais, quando se admite um profissional da nossa área, um pré-requisito exigido é se ter no mínimo dois anos de experiência na área, o que passa a ser um tratamento incoerente e ao mesmo tempo discriminatório para os recém-formados. Por quê não se entender nosso período de estágio como efetivo tempo de experiência na função?
             Embora isso tudo possa soar como particularização da situação de classe sócio-econômica profissional, convém lembrar a importância da figura do engenheiro nos dias atuais, principalmente se antevermos o esgotamento das reservas energéticas convencionais do planeta, a sofisticação tecnológica, a concorrência desleal, diga-se de passagem, que sofremos dos países ditos desenvolvidos, a pesquisa aéreo-espacial, a corrida armamentista, etc. Tudo isso está a exigir recursos humanos cada vez mais capacitados, e imbuídos de senso crítico e de pesquisa, únicas armas capazes de nos conduzir rapidamente a emancipação e tão almejada independência tecnológica e energética.
              Queremos deixar uma última reivindicação dos universitários que é sobre a moradia em Ilha Solteira. Esta questão tem sido motivo de preocupação das turmas vindouras e gostaríamos que a UNESP e a CESP vissem este problema minuciosamente, com bons olhos, para que esta preocupação deixasse de existir.
                     Prezados colegas, sabemos que nossa luta foi árdua e para muitos de nós, só a obstinação e dedicação desmedidas tornou-se possível superar esta difícil fase. A conciliação dos vários compromissos que muitos estavam sujeitos, obrigou-nos a verdadeiros sacrifícios, privando-nos, muitas vezes, do convívio familiar e social, razão pela qual, devemos creditar aqui, parte dos nossos méritos aos nossos familiares: pais, mães e abnegadas esposas, cuja transigência e incentivo constante, nos estimularam a prosseguir em nosso desafio até sua derradeira etapa e que se concretiza hoje. Que DEUS os conserve junto a nós até o fim de nossos dias!
                     Aos amigos, sempre solidários e disponíveis, nossos sinceros agradecimentos. Àqueles professores, que fizeram da amizade, humildade e compreensão sua principal cátedra, nossa eterna gratidão.
          Infelizmente, sempre haverá em ocasiões como esta um fato a ser lamentado, referimos aos colegas de curso que dele ainda não puderam sair vitoriosos. A todos eles nossos votos de encorajamento.
            Que façam da perseverança o seu instrumental para superar as dificuldades advindas.
             E, finalmente, em nome da Comissão de Formatura, quero agradecer a todos os formandos que colaboraram ao longo desse ano, e que a perdoem por eventuais falhas ou omissões que possam ter ocorrido.
              Muito obrigado!


Ilha Soteira, 1982.
Foz do Iguaçu, 02/08/2014
Publicado no www.delynerso.blogspot.com em 02/08/2014
Publicado no Recanto das Letras em 02/08/2014
http://www.recantodasletras.com.br/autores/nelmite
http://www.recantodasletras.com.br/autores/noslen ariexiet

ILHA SOLTEIRA - SP - TAUTOCRÓSTICO NT - 09

I lha, ilhada, isolada, ideada, ideal
L ivre, linda, leal, latente, legal
H idrelétrica, harmoniosa, heróica, harmonia
A gradável, Agronomia

S ocial, saudável, solteira
O ferece oportunidade
L egal, leal, liberdade
T alentos tais, trabalho, talentosa
E xemplar esboçado, engenharia, exemplo, eletricidade
I deada, irradia inteligência
R eal referência
A miga, arte, amizade

"Capital da Cultura"
"Portal do Mercosul"

Aniversário: 15 de outubro
Fundação: 15 de outubro de 1968 (45 anos)
Emancipação: 30 de dezembro de 1991 (22 anos)
Gentílico: ilhense
Lema: Ilha Solteira - Fruto de nossa energia

Cidade planejada, ideada, um exemplo esboçada, planejada com estratificação na pirâmide social em seis níveis! 

Ilha Solteira é um município brasileiro no interior do estado de São Paulo. Pertence à Mesorregião de Araçatuba, localizando-se a uma latitude 20º25'58" sul e a uma longitude 51º20'33" oeste, estando a uma altitude de aproximadamente 335 metros.
Tal localização, próximo ao encontro dos rios Tietê e Paraná e à divisa com o Estado do Mato Grosso do Sul, é uma das mais importantes da hidrovia Tietê-Paraná, principal meio de transporte do Mercosul. Sua população estimada em 2011 era de 25.146 habitantes. Possui uma área de 659,4 km².
O município é um dos 23 que contam com campus da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". O campus UNESP de Ilha Solteira oferece 8 cursos de graduação e 8 cursos de pós-graduação, em torno da qual existe um grande centro de pesquisa responsável pelo desenvolvimento da tecnologia elétrica. Tal característica contribui para o fortalecimento do município como um polo tecnológico.
Há de se ressaltar, também, que a cidade de Ilha Solteira possui o décimo melhor IDH entre os municípios paulistas.
Wikipédia

         O planejamento urbano foi estabelecido a partir de um zoneamento habitacional, baseado na existência de seis diferentes categorias funcionais e salariais da CESP, para as quais foram definidos seis tipos de habitação conforme o tamanho do lote e o tipo de residência, sendo elas descritas na Tabela abaixo: 

Tabela - Divisão de casas por nível sócio – profissional no planejamento de Ilha Solteira. 

Nível 1: Operários não especializados, ajudantes, serventes, vigias e zeladores. 

Nível 2: Profissões manuais como: carpinteiros, encanadores, bombeiros, mecânicos, feitores, pedreiros, operadores de máquinas, pintores e soldadores. 

Nível 3: Auxiliares administrativos, chefes de turma, encarregados, mestres de obra, montadores, fiscais e laboratoristas; 

Nível 4: Assistentes técnicos, auxiliares de serviço social, desenhistas, projetistas, encarregados de operação, de manutenção, inspetores de segurança, inspetores sanitários e professores de ensino primário. 

Nível 5: Técnico-administrativo, ou pessoal de cargo de chefia, agrimensores, professores de ensino técnico, professores de ensino médio, orientadores educacionais e orientadores pedagógicos. 

Nível 6: Encarregados de nível universitário, profissionais liberais como médicos, engenheiros, arquitetos, economistas, assistentes sociais e professores da UNESP.

Casas Geminadas (1 a 4) – 80% na Zona Norte.
Casas Separadas (5 e 6) – 100% na Zona Sul. 

Fonte: Companhia Energética do Estado de São Paulo – CESP, 1988 

Ilha Solteira possuía 5.144 residências, sendo 3.264 de níveis um e dois - Geminadas, 1.536 de níveis três e quatro - Geminadas e 344 de níveis cinco e seis - Separadas (REVISTA ENGENHARIA,1973). 
Haviam 3 clubes sociais e recreativos.
Clube 1 e 2: Clube Urubupungá para os níveis 1 e 2.
Clube 3 e 4: Clube SEIS (Sociedade Esportiva Ilha Solteira.
Clube 5 e 6: Clube CAIS (Clube Atlético Ilha Solteira).
Sócio de um clube poderia ser sócio do clube de nível inferior, mas o contrário, não! Isto deu dissertação e tese!
Empresas: CAMARGO CORREA, TENENGE, CESP, REAGO e outras.

TAUTOCRÓSTICO - Origem do experimental
   
Tautocróstico é um gênero poético, que consiste em formar uma palavra ou mais, verticalmente criando um nome próprio ou uma sequência significativa. Tautocróstico trata-se de uma composição poética na qual todas as palavras de cada verso principiam com a mesma letra da mensagem.
O tautocróstico é a união do tautograma com o acróstico. A palavra originou-se da união de duas palavras de origem grega: TAUTOGRAMA e ACRÓSTICO.  Podemos até traçar uma equação: 

TAUTOGRAMA + ACRÓSTICO = TAUTOCRÓSTICO.

Vejamos alguns exemplos de tautocrósticos criados pelo poeta Francis Perot e pela poetisa  Anjopoesia (Marisa)

http://www.recantodasletras.com.br/tautogramas/3775001
http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=4316470

Foz do Iguaçu, 27/04/2014 (Publicação do tautocróstico)
Publicado no www.delynerso.blogspot.com em 29/04/2014
Publicado no Recanto das Letras em 29/04/2014
http://www.recantodasletras.com.br/autores/nelmite
NELSON TEIXEIRA - NELMITE

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