sábado, 3 de dezembro de 2011

COTIDIANO



Todo dia à meia noite, mesmo ritual:
coloco o pijama, escovo os dentes
e caio na cama meio inconsciente,
devido ao enorme cansaço mental!

Entro no voo espacial, em sonho colossal,
e esqueço todo o mal do dia que se passou.
Esqueço também as manchetes do tal jornal,
que de maneira sangrenta só falou do mal!

Vejo onde me ponho, risonho, numa quimera
multicolorida e cheia de amor de primavera!
Percorro uma estrada sem pedras e sem quedas
numa atmosfera de fantasia em paraquedas!

Vejo amores, flores e no ar uma canção mansa
que se lança e alcança do velho até uma criança!
Já é de manhã, o chão se mancha de raio do sol!
Aqui a lua descansa! O sol é energia, guia e farol!

Levanto-me pontual, ritual para o cotidiano,
todo dia, toda semana, todo mês, todo o ano,
e, com um mês de férias para higiene mental!
Pudera! Onze meses de espera! Rotina diurnal!

Botucatu, 26/06/1983
Publicado no Recanto das Letras em 23/07/2013

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